Como cuidar das lesões nas orelhas do seu cão causadas pela leishmaniose canina

Lesões nas orelhas por leishmaniose canina: como cuidar 

Uma das lesões cutâneas mais frequentes na leishmaniose canina é a que se observa nas orelhas do cão, sendo também uma das localizações onde com maior frequência pode ser detectado o DNA do parasita¹. Como esta apresentação clínica é uma das mais comuns, é fundamental conhecer como cuidar dessas lesões para evitar complicações, como as infecções secundárias, e neste artigo detalhamos esses cuidados. 

Por que a leishmaniose afeta as orelhas do cão? 

As orelhas (juntamente com o focinho e a região ao redor dos olhos) são uma das áreas do corpo em que os flebótomos, vetores da leishmaniose, parecem demonstrar maior preferência no momento da picada. São estruturas anatómicas que, para esses insetos, costumam ser mais acessíveis por apresentarem pele mais fina e menor densidade de pelos. 

As orelhas apresentam menor irrigação sanguínea em comparação com outras regiões do corpo, o que aumenta a sua fragilidade. Em cães com leishmaniose canina, é comum observar zonas com fissuras, úlceras, crostas ou perda de pelos. Isto ocorre devido à vasculite associada à doença, na qual, diante da reação inflamatória causada pela leishmaniose, a irrigação sanguínea fica ainda mais comprometida. 

Como são as lesões por leishmaniose nas orelhas? 

Essas lesões podem se apresentar como descamação e com aspeto de crostas nas bordas das orelhas. À medida que a doença evolui, podem surgir erosões e úlceras, adquirindo a aparência de feridas superficiais que não cicatrizam, podendo inclusive ocorrer a perda de pequenas porções de pele nas bordas. Também podem ser observados perda de pelos, espessamento e inflamação. 

Todos esses sinais estão associados à reação inflamatória que danifica o tecido ao redor e podem ser compartilhados com outras doenças dermatológicas, sendo sempre necessário realizar exames diagnósticos veterinários para chegar a um diagnóstico definitivo e indicar o tratamento mais adequado. 

Como cuidar das orelhas de um cão com leishmaniose? 

O cuidado exige atenção especial, sendo importante realizar avaliações regulares para identificar possíveis complicações e tratá-las precocemente, evitando sua progressão. 

Para o cuidado e a manutenção das orelhas, devem ser utilizados produtos de limpeza otológicos específicos, sempre recomendados pelo médico veterinário. Estes produtos devem promover um efeito anti-inflamatório e calmante, além de proporcionar hidratação e manter condições higiénicas adequadas que minimizem o risco de desenvolver infeções secundárias. 

Quando é necessário procurar o médico veterinário por lesões nas orelhas? 

Alguns sinais de alerta que podem ser observados incluem: 

• Hemorragias
• Vermelhidão e inflamação
• Mau odor
• Presença de secreções
• Sacudir a cabeça ou coçar com frequência
• Sinais de dor ou desconforto
• Agravamento de lesões pré-existentes 

É fundamental acompanhar de perto as lesões nas orelhas e, diante de qualquer dúvida, procurar sempre um médico veterinário para avaliação. 

Como evitar infeções secundárias nas orelhas? 

As lesões nas orelhas podem infetar já que, quando a pele é danificada, ocorre a perda da função protetora da barreira cutânea contra microrganismos, que se aproveitam dessa alteração da barreira epidérmica para se desenvolver. Evitar infeções secundárias é essencial para impedir que uma lesão pequena evolua para um problema mais grave. 

Para isso, devem ser considerados os seguintes cuidados: 

• Evitar que o cão se coce, impedindo o agravamento das lesões
• Manter a área limpa e seca
• Utilizar produtos de limpeza e tratamento prescritos pelo médico veterinário
• Desinfetar para que as lesões permaneçam limpas 

Uma parte fundamental deste maneio é o acompanhamento veterinário das lesões, permitindo avaliar sua evolução e ajustar o tratamento quando necessário. 

As lesões nas orelhas do cão com leishmaniose têm cura? 

Cada paciente e o curso da doença podem ser muito variáveis, sendo indispensável, em todos os casos, combinar uma terapia sistémica com tratamentos e cuidados locais, favorecendo assim o prognóstico das lesões nas orelhas. 

Um maneio adequado da leishmaniose canina, associado a acompanhamentos veterinários regulares, proporciona o melhor prognóstico e evolução das lesões, embora nem sempre haja remissão completa.