O flebótomo: o “mosquito” responsável pela transmissão da leishmaniose em cães e em humanos
O flebótomo é um inseto muito pequeno, com 2 a 3 milímetros, que transmite a leishmaniose a cães, pessoas e outros mamíferos. Pertence ao subgrupo Phlebotominae e espécies como Phlebotomus perniciosus são as mais comuns em Portugal. A leishmaniose em cães é frequente e pode ser grave. A doença é transmitida quando uma fêmea de flebótomo infetada pica para se alimentar de sangue. O parasita que transmite é o Leishmania spp. O flebótomo vive em zonas com temperaturas amenas, humidade e matéria orgânica. Pode ser encontrado em ambientes rurais e nas cidades, como parques e jardins. A sua atividade é maior do entardecer ao amanhecer.
Este artigo explica o que é um flebótomo, como reconhecê-lo, como transmite a leishmaniose, o seu ciclo de vida, sinais clínicos da doença em cães e pessoas, a sua distribuição geográfica e como prevenir a leishmaniosecom medidas como antiparasitários externos com ação repelente.
O que é um flebótomo e como reconhecê-lo?
O flebótomo é o principal vetor da leishmaniose em cães e pessoas. Este inseto minúsculo, com 2 a 3 mm de comprimento, tem o corpo curvado e é coberto por pêlos finos. Apesar do seu tamanho, o seu impacto na saúde pública é notável, pois transmite o parasita Leishmania spp. através da sua picada.
As fêmeas — denominadas flebótomos fêmeas — são responsáveis pela transmissão. Elas precisam se alimentar de sangue para completar o desenvolvimento dos ovos, enquanto os machos se alimentam principalmente de néctar. O seu voo é lento, em saltos, e geralmente ocorre a baixa altitude, embora possam escalar paredes e atingir vários andares.

Como o flebótomo transmite a leishmaniose
O inseto que transmite a leishmaniose adquire o parasita ao picar um cão ou outro mamífero infetado. No seu interior, o parasita evolui durante 4 a 20 dias até que o inseto se torne portador. Na picada seguinte a um animal ou pessoa saudável, o flebótomo inocula o parasita na corrente sanguínea, causando a infecção.

Ciclo de vida e biologia do flebótomo
O ciclo de vida do flebótomo consiste em quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. As fêmeas realizam de 4 a 5 posturas ao longo da sua vida, que dura aproximadamente quatro semanas. Preferem locais escuros, húmidos e com matéria orgânica para depositar os ovos.
O desenvolvimento da larva até ao adulto depende da temperatura e da humidade no ambiente. Abaixo dos 10 °C, as larvas entram em hibernação e a população adulta diminui drasticamente. Com temperaturas acima dos 16 °C, a atividade aumenta.
Habitat e comportamento do flebótomo
Este inseto voador adapta-se tanto a ambientes rurais como urbanos. Vive em fendas de edifícios, caves, zonas com lixo e matéria orgânica e áreas sombreadas de parques e jardins. A urbanização e as alterações climáticas ampliaram a sua presença a zonas do norte da Europa.
Um estudo detectou flebótomos portadores do parasita que causa a leishmaniose em quase metade das amostras recolhidas em parques e esgotos. A sua atividade máxima ocorre do pôr do sol ao amanhecer, evitando chuva e vento.
Sinais clínicos da picada do flebótomo
A picada do flebótomo em cães geralmente ocorre em áreas com pouca pelagem, como o focinho, as orelhas ou o abdómen, e aparece como uma lesão papular que pode evoluir para uma lesão ulcerativa. Frequentemente, é acompanhada de inflamação nos gânglios linfáticos próximos. Em pessoas, a picada pode causar lesões cutâneas localizadas ou ser a porta de entrada para formas mais graves da doença.
Distribuição e expansão geográfica do flebótomo
Em Portugal, o Phlebotomus perniciosus é a espécie mais comum e o principal vetor da leishmaniose. A região mediterrânica é considerada endémica, mas devido ao aumento das temperaturas e à mobilidade dos animais, os flebótomos estão a expandir-se para zonas do norte da península e países da Europa Central.
A nível mundial, a leishmaniose é endémica em 99 países em todo o mundo, afetando especialmente regiões da América Latina, África, Ásia e Mediterrâneo.
Como prevenir a leishmaniose
A prevenção é fundamental para conter a doença. As principais medidas incluem:
- Vacinar os cães contra a leishmaniose.
- Aplicar antiparasitários externos com ação repelente contra o flebótomo, como coleiras ou pipetas.
- Evitar passeios durante as horas de maior atividade dos flebótomos: do anoitecer ao amanhecer.
- Colocar redes mosquiteiras e evitar que o cão durma ao ar livre.
- Manter o ambiente limpo e eliminar matéria orgânica onde o inseto possa se desenvolver.
- Todo lo que debes saber sobre la leishmaniosis - Hospital Veterinario San Vicente
- Todo sobre la Leishmaniosis - Centre Veterinari de Cornellà (veterinariocornella.com)
- The Host Response to Leishmania Infection – PubMed
- ESCCAP. Control de Enfermedades Transmitidas por Vectores en Perros y Gatos. (https://www.esccap.es/wp-content/uploads/2016/06/guia5_P31620-FINAL.pdf)
- Advierten que se está infravalorando en la incidencia de la leishmaniosis en humanos de Baleares. Animal’s Health. (2023) https://www.animalshealth.es/profesionales/advierten-esta-infravalorando-incidencia-leishmaniosis-humanos-baleares
- Leishmaniasis en ratas y flebótomos del alcantarillado de Barcelona, un escenario ideal para la transmisión de esta enfermedad. Higiene Ambiental. (2022) https://higieneambiental.com/Leishmaniasis-ratas-barcelona
- Leishmaniasis. Comunidad Madrid. https://www.comunidad.madrid/servicios/salud/leishmaniasis.
- Dónde se esconde la leishmania. Por un mundo sin leishmaniosis. (2023) https://porunmundosinleishmaniosis.com/es/donde-se-esconde-la-leishmania